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Síndrome ASIA e doença de Lyme

Atualizado: 15 de mar. de 2021



A síndrome ASIA é uma doença autoimune/inflamatória que foi descrita em 2011 e vem do inglês Autoimmune Syndrome Induced by Adjuvants, ou Síndrome Autoimune Induzida por Adjuvantes.


O que é um adjuvante?


Em imunologia, os adjuvantes são substâncias que aumentam uma resposta imune. Existe uma enorme gama de substâncias exógenas que podem ser concebidas como adjuvantes (por exemplo, hidróxido de alumínio em vacinas – ele serve para aumentar o desempenho do antígeno que foi inoculado e causar uma resposta imune duradoura e eficiente) ou não pretendidas - ou não propositais - como adjuvantes (por exemplo, o silicone dos implantes mamários). Para ser claro, os adjuvantes nem sempre são associados a reações adversas. No diagnóstico de ASIA, presume-se que um adjuvante incite a autorreatividade, mas a substância adjuvante real pode não ser identificada para todos os pacientes.


As substâncias adjuvantes afetam a resposta imunológica de maneiras complexas que envolvem os aspectos inatos e humorais da imunidade. As respostas inatas podem ser aumentadas pelo aumento da secreção de citocinas com ativação secundária de células apresentadoras de antígeno (APCs), ativação do inflamassoma e ativação direta de células inatas por meio de efeitos em vários receptores diferentes (por exemplo, receptores Toll-like, receptores NOD-like). Além disso, os adjuvantes podem aumentar a resposta humoral, promovendo a atração de células dendríticas por células T e aumentando a captação de antígenos por APCs.


Adjuvantes mais comuns


Entre os adjuvantes mais comuns temos:

Silicone

Ácido hialurônico

Metacrilato

Hidróxido de alumínio – adicionado a vacinas

Neomicina e polimixina – também usados em alguns tipos de vacinas

Polipropileno - material usado para telas que não são absorvidas pelo organismo


Sinais e sintomas


Os sinais e sintomas mais comuns ligados a ASIA são comuns a alguma doenças autoimunes e incluem:


Mialgia

Artralgia

Fadiga crônica

Distúrbios de sono

Boca seca

Distúrbios cognitivos

Perda de memória

Deficiências neurológicas – especialmente as ligadas a desmielinização


Ligação entre ASIA e doença de Lyme


Perceptivelmente, os sintomas da ASIA e da doença de Lyme crônica quase se sobrepõe. Ambas têm ligação com hiperativação imunológica acarretando em sintomas físicos.


A doença de Lyme é uma doença bacteriana, transmitida pela picada de carrapatos contaminados. É a zoonose (doenças transmitidas entre animais e pessoas e que podem ser causadas por bactérias, parasitas, fungos ou vírus) mais comum do hemisfério norte, e atinge 475 mil novos pacientes por ano nos EUA e 65 mil novos casos por ano na Europa. Em nosso país, apesar das autoridades epidemiológicas relatarem que a doença não existe no Brasil, isso não é real – e os casos só veem aumentando. Apenas 1/3 dos pacientes com doença de Lyme se recordam de terem sido picados por carrapatos.


O aumento dos números de casos da doença de Lyme tem sido comparável ao aparecimento e aumento do número de casos de ASIA, e isso pode ter uma relação causal e não apenas ser uma coincidência.


A Borrelia é a bactéria responsável pela doença de Lyme e ela possui o material genético extremamente avançado. Ela consegue se esconder do sistema imunológico e fazer com que ele comece a atacar as células do próprio organismo, simulando uma doença autoimune. E sabidamente pacientes com doença de Lyme podem cursar com ativação, reativação ou mesmo piora da doença após certos estímulos imunológicos – como algumas vacinas ou mais recentemente infecção por COVID.


Logo, pode existir uma infecção latente por borrelia e o paciente, ao ser exposto a algum adjuvante que provoque a ativação imunológica – como a prótese de silicone, a doença de Lyme entra em atividade, levando aos sintomas característicos de ambas as doenças (ASIA e doença de Lyme).


Conduta


Se existir qualquer sinal de que o adjuvante esteja realmente causando manifestações locais em seu sitio de aplicação/implante não restam dúvidas de que deverá ser considerada a realização de procedimento para excisão/explante do adjuvante causador. Entre essas manifestações temos:


Dor local

Hiperemia (vermelhidão)

Hiperpigmentação da pele

Rede venosa colateral visível

Atrofia da pele

Ulceras

Sinais de inflamação ou rotura em exames de imagem (ultrassom, tomografia ou ressonância magnética)


Mas nos pacientes em que existam sintomas sistêmicos sem manifestações locais, minha visão é um pouco diferente.


Nesses pacientes seria o ideal realizar uma sorologia para doença de Lyme e com o resultado positivo, instituir a terapia apropriada.


O problema é que aproximadamente metade desses exames podem resultar em falso-negativos – o exame vem negativo apesar do paciente apresentar a doença. Nesse caso, antes de se realizar qualquer conduta cirúrgica radical, minha sugestão é iniciar um teste terapêutico com antibióticos que tenham ação na doença de Lyme, principalmente em sua forma crônica.


Em minha experiência, os pacientes submetidos a essa conduta tiveram uma melhora importante, e houve êxito em evitar o explante em uma grande maioria dos casos.

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